O vício em remédio é um problema crescente que por vezes não recebe a devida atenção
Quem nunca tomou um antialérgico sem orientação médica? A automedicação é um hábito comum para 77% dos brasileiros, de acordo com o Conselho Federal de Farmácia (CFF). E durante a pandemia a incidência do uso sem descrição médica aumentou. Levando a riscos que podem surgir a partir da medicalização sem controle.
Segundo o psicólogo Lucas Maximiliano, a dependência por remédios está ligada ao psíquico. “Devido aos traumas provocados por algumas situações da vida, algumas pessoas têm determinadas respostas e, desenvolvem mecanismos para compensar. Seja na comida, comportamentos, e algumas fazem uso de medicações e drogas que geram um conforto passageiro”, diz o farmacêutico.
Embora não seja nenhum crime, o uso indevido e por vezes abusivo, leva ao aumento da dosagem e a pessoa não percebe que já virou dependência. De acordo com Lucas, alguns indivíduos são alertados pela rede de apoio, ou, por reconhecerem o mal-estar e o prejuízo que pode causar a médio e longo prazo. E também podem nem reconhecer.
A dependência não é provocada pelo uso de medicação por muito tempo, e sim, pelo modo como a substância é utilizada. Algumas pessoas conseguem tomar uma medicação por muito tempo de maneira responsável, apenas aproveitando os benefícios do efeito.
O farmacêutico explica que os aspectos que estão atrelados a um vício são as fissuras que a pessoa sente quando o efeito do medicamento está passando; o desejo de uma necessidade maior; se a vida da pessoa está acondicionada ao uso do medicamento, esses fatores são indícios de que a pessoa precisa de ajuda.
Não existe receita 100% eficaz para todos os casos. “É possível que apenas com a psicologia e terapia seja tratado. Devendo cada caso ser analisado de acordo com a sua particularidade”, finaliza o psicólogo.