Redentoristas

Pe. Ângelo foi um homem apaixonado pela Romaria

Um missionário corajoso e espetacular pregador que animou romarias por quatro décadas

Pe. Ângelo Licati gostava muito de pescar. Peixes e pessoas. Os primeiros em sua devotada caravana “Cuicuiu”, na qual ele montava acampamento na margem do Mato Grosso, nas proximidades da cidade de São José de Bandeirantes (GO).  A outra pesca era maior, mas também prazerosa. Ele se dedicava, nos dois casos, aos mínimos detalhes na preparação. Para o rio, durante todo o ano, cuidava das canoas, dos apetrechos, da montagem da capela, estrutura da cozinha e todas minúcias de pescador. Para a Romaria de Trindade, dedicava-se profundamente na elaboração de roteiros para todos os dias da novena e da Festa. Textos bem feitos, refletidos, rezados, com uma teologia clara, uma espiritualidade vibrante e uma incômoda aplicação na vida das pessoas, das famílias e do Brasil.

Um missionário que nem sempre agradava as autoridades públicas e tinha certa dificuldade em lidar com situações em que o altar começava a se parecer com um palanque. Pe. Ângelo tinha desafetos por conta da sua verve profética e destemida. Mas, por outro lado, tinha legiões de romeiros que iam para Trindade com grande expectativa de ouvir suas pregações sempre emocionantes. Conhecido como alguém que tinha um sangue “calabrês”, isto é, parecido com o modo especial de agir e reagir dos seus ancestrais que viveram no extremo sul da Itália, a Calábria. Região considerada uma das mais pobres de um país que faz parte do G7, o grupo das maiores economias do mundo.

Fazíamos tudo na praça, que não tinha asfalto e nem luz suficiente. A única luz da cidade era do rochedo quando a poeira era muita, que do altar da igreja não dava para ver a porta da igreja. Eu colocava tambores de 200 litros com torneira e trazia com a caminhonete para o povo beber. As coisas foram progredindo e a conscientização de que o romeiro é gente e que precisava ter um acolhimento melhor nessa união com as autoridades civis, religiosas e militares”.  Pe. Ângelo Licati

Era um missionário redentorista convicto, cheio de histórias para contar, especialmente sobre suas missões em lugares difíceis do Brasil. Ele amava a Congregação e o carisma de Santo Afonso. Nos primeiros anos do seu sacerdócio, ele até mesmo ajudou na formação como professor e gostava de lembrar seus estudos de Teologia Moral em Roma. Pe. Ângelo entrou para o Seminário em 1938, fez o noviciado em 1947 e foi ordenado sacerdote em 1952. Foi Superior vice-provincial da então vice-província de Brasília.

Era um grande devoto de Maria Santíssima. Durante décadas fez uma reflexão mariana nos finais de tarde, na Rádio Difusora Goiânia. Escreveu muito sobre o tema e não abandonava, por razão alguma, o seu terço diário.

Enfrentou romarias bem difíceis. À TV Pai Eterno, em 2018, ele deixou um depoimento histórico sobre os perrengues do passado: “Fazíamos tudo na praça, que não tinha asfalto e nem luz suficiente. A única luz da cidade era do rochedo quando a poeira era muita, que do altar da igreja não dava para ver a porta da igreja. Eu colocava tambores de 200 litros com torneira e trazia com a caminhonete para o povo beber. As coisas foram progredindo e a conscientização de que o romeiro é gente e que precisava ter um acolhimento melhor nessa união com as autoridades civis, religiosas e militares”.

Muitos romeiros, ainda hoje, lembram do seu modo todo especial de pregar. Sua pessoa e seu ministério são saudades nesta Romaria de 2023. Mais de 70 anos de vida consagrada e 67 de sacerdócio. Ele morava em Trindade, quando faleceu, aos 92 anos, durante uma cirurgia para extirpar uma hérnia, em 27 de setembro de 2019.


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