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Mistério pascal de Cristo dá força para nos deixar moer, diz cardeal Cantalamessa

Mas o Pão da Vida te ajuda a suportar todo o processo

Reprodução: Vatican News

Da Redação, com Vatican News

Nesta sexta-feira (23), o pregador da Casa Pontifícia, Cardeal Raniero Cantalamessa, iniciou a série de pregações da Quaresma. Na Sala Paulo VI, sua primeira reflexão concentrou-se na passagem do Evangelho em que Jesus afirma aos discípulos: “eu sou o Pão da Vida” (cf. Jo 6,35).

No começo da pregação, o capuchinho retomou o diálogo entre Jesus e os discípulos na região de Cesareia de Filipe, quando o Senhor perguntou quem os homens diziam ser ele. Depois, ao questionar aos próprios discípulos quem ele era, Simão Pedro respondeu “o Cristo, o Filho do Deus vivo” (cf. Mt 16,13-16).

Já na segunda pergunta feita por Jesus, o Cardeal apontou para a dimensão individual dela, dirigida também a cada fiel e de forma pessoal. Contribuindo com a reflexão sobre quem é Jesus, Cantalamessa sinalizou cinco autorrevelações feitas pelo próprio Cristo, contidas no Evangelho de João, que serão esmiuçadas durante o período quaresmal.

Pão da Vida
A primeira delas foi a afirmação “eu sou o Pão da Vida”. Foi dita por Jesus após a multiplicação dos pães, quando depois de se retirar por conta do entusiasmo do povo, foi seguido pela multidão. Quando começou a ensinar sobre o “sinal do pão”, explicando que há um outro tipo de alimento a ser buscado que não o material, foi perguntado que tipo de pão seria esse. Diante disso, Ele conclui sua fala declarando: “eu sou o Pão da Vida. Quem vem a mim nunca mais terá fome, e quem crê em mim nunca mais terá sede” (cf. Jo 6,30-35).

Como alimentar-se desse pão
Na sequência, o Cardeal Cantalamessa propôs o questionamento sobre como e onde é possível alimentar-se desse pão, e apresentou dois “lugares” ou “modos”: a Eucaristia e a Escritura. Ele citou Tomás de Kempis, que em A Imitação de Cristo expressa que “sem estas duas coisas, não poderia bem viver; porque a palavra de Deus é a luz da minha alma e vosso Sacramento o pão da vida”.

Mortificação
Diante do proposto, o cardeal levou a reflexão sobre como Jesus se tornou o Pão de Vida para os homens. Ele apontou para a resposta dada pelo próprio Cristo, ao expressar que “se o grão de trigo que cai na terra não morre, fica só; mas se morre, produz muito fruto” (cf. Jo 12,24)”. Jesus, de fato, com a imagem do grão de trigo não indica apenas o seu destino pessoal, mas o de cada seu verdadeiro discípulo”, declarou o capuchinho.

Caminhado para o final, o cardeal sinalizou duas ocasiões de prova: aceitar ser contrariado, renunciando ao desejo de querer sempre ter razão, e suportar alguém que seja irritante. “O que é mais difícil para moer em nós não é a carne, mas o espírito, isto é, o amor-próprio e o orgulho, e estes pequenos exercícios servem magnificamente ao objetivo”, afirmou.

Cantalamessa pontuou que o objetivo do “deixar-se moer” não é apenas ascético, mas também místico, uma vez que “não serve tanto para mortificar a si mesmo, mas para criar a comunhão”. Ele recordou Santo Agostinho, que comparou o processo que leva à produção do pão ao que leva à formação do corpo místico de Cristo que é a Igreja.

Ao final, o cardeal disse “é graças ao mistério pascal de Cristo operante na Eucaristia que nós podemos encontrar a força de nos deixar moer, dia após dia, nas pequenas – e às vezes nas grandes – circunstâncias da vida”.


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