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Combate ao Bullying

A data do dia 7 de abril é dedicada ao combate ao bullying, […]

A data do dia 7 de abril é dedicada ao combate ao bullying, principalmente nos ambientes escolares. Esta palavra em inglês  remete a “bully”, que é traduzida como “valentão”. A expressão é utilizada para indicar qualquer atitude agressiva (física ou psicológica) contra alguém, inclusive apelidos pejorativos utilizados para humilhar ou ofender.

A jornalista e redatora publicitária Wanessa de Almeida, hoje com 33 anos, conta que foi vítima de bullying na escola e que essas atitudes foram tão tóxicas para sua vida que refletem até hoje. “O bullying que sofri na escola e de outras pessoas afetou minha autoestima e meu desenvolvimento pessoal. Atualmente eu ainda tenho certa dificuldade de olhar nos olhos das pessoas em virtude das piadas que faziam comigo porque eu usava óculos”, conta.

Wanessa relata que era uma criança magrinha, muito estudiosa e isto por si só já a tornava um alvo de piadas dos colegas, mas a situação piorou quando ela começou a usar óculos aos 11 anos de idade. Para ela usar os óculos foi fantástico, pois tinha um grau elevado de miopia e os óculos permitiram que Wanessa tivesse uma visão correta das coisas. “Eu estava super feliz de estar vendo, foi uma emoção muito grande, eu conseguia ver as folhas das árvores, conseguia enxergar longe. Mas usar óculos se tornou um pesadelo quando cheguei na escola e isso se tornou motivo de piadianha”, relata.

O que era algo bom para a saúde e para os estudos de Wanessa se tornou algo muito ruim. Ela conta que uma das piores situações que se lembra foi durante uma partida de vôlei na aula de educação física.”Eu tinha que tirar o óculos para não quebrar. Como meu problema é miopia, eu só conseguia ver a bola quando ela estava muito perto de mim, então eu era a pior jogadora. E os meus colegas começaram a gritar em coro ‘tira a ceguinha! Tira a ceguinha!’. Por causa disso, eu fiquei uma semana sem ir à escola, chorei bastante e foi muito vergonhoso pra mim”, conta Wanessa.

A jornalista explica que naquela época não se falava sobre bullying e essa situação era considerada brincadeira. “A escola não fez nada, os meus pais diziam para eu deixar pra lá. Não houve nenhum tipo de punição para os alunos que fizeram isso comigo, então era uma situação que eu tinha que guardar pra mim”, afirma.

Fora da Escola

Wanessa de Almeida afirma que na mesma época sofreu bullying não só dentro da escola, mas também de um vizinho da sua casa. “Ele me humilhava na frente de todo mundo, falava que eu era feia, que parecia um bicho, fingia que se assustava quando me via porque dizia que eu era feia demais”, relata. Wanessa conta que hoje esta mesma pessoa disse a ela que se pudesse pedir perdão em praça pública ele faria, mas que isto não seria o suficiente para compensar o mal que fez. “Ele era um adulto fazendo bullying com uma criança e isto me deixou alguns traumas”, relembra.

O outro lado

Quem também sofreu bullying na escola foi a estudante universitária Victória Mendes, hoje com 20 anos. Assim como Wanessa, ela era atacada por sua aparência. “Desde criancinha eu era excluída por ser muito gordinha e mais alta do que a maioria das outras crianças. Eu era deixada de fora das brincadeiras e recebia muitos apelidos”, relata.

Victória conta que, na fase da adolescência, a situação foi pior. Além das garotas, os meninos também a humilhavam chamando-a de diversos nomes ofensivos. “Eu era a piada da sala. Alguns colegas não faziam trabalho em grupo comigo dizendo que eu era um monstro”, relembra.

Apesar de mudar de escola em virtude do bullying, Victória não conseguiu se recuperar dos traumas pelas constantes humilhações. “Eu comecei a querer emagrecer, desenvolvi um grave transtorno alimentar, depressão, cheguei a pensar em suicídio e compulsão alimentar. Meu pior momento foi aos 16 anos, quando eu tinha 1,76m de altura e pesava 40kg. Fiquei entre a vida e a morte no hospital”, afirma.

Superação

Não foi fácil para Wanessa se recuperar de um trauma como este, vivido por tantos anos, diariamente, em um ambiente que devia oferecer amizade, respeito e acolhimento. Porém, ela explica que a superação foi aos poucos. “Hoje eu aprendi a gostar mais de mim, do meu corpo, não uso mais óculos com frequência porque fiz a cirurgia refrativa. Eu me aceito muito bem, me acho uma mulher interessante e bonita. Mas tudo foi um processo e precisa ser acompanhado, pois o bullying deixa muitos traumas. Tanto que eu fico emocionada de me lembrar de todas essas histórias”, afirma.

No caso de Victória, ela explica que há dois anos alcançou a estabilidade emocional e física. A jovem passou por acompanhamento médico, psiquiátrico e terapêutico para conseguir se recuperar. “Hoje, eu consigo me aceitar e luto para que outras pessoas não passem pelo mesmo que eu. O bullying, as piadinhas, a ‘ditadura da beleza’, em que você tem que se encaixar em um padrão, não são corretos e fazem muito mal”, explica. Victória conta que tem uma irmã de cinco anos e faz questão de acompanhá-la na escola, conversar e se envolver quando algum coleguinha faz uma piada de mau gosto.

Para Wanessa, o bullying deve ser tratado de forma séria. A família e a escola devem dar suporte para que isso não aconteça ou que tenha punição. “É uma situação que deixa traumas por toda a vida”, diz. Já Victória alerta para a importância de buscar ajuda quando se está nesta situação. “Gostaria de pedir às vítimas que procurem ajuda profissional, entendam o valor de uma boa terapia e busquem uma rede de apoio para se aceitar e entender que não há problema em ser diferente. As pessoas que fazem bullying é que deviam se sentir mal por suas atitudes”, finaliza.

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