Apoio Espiritual

Viver uma vida pascal, de Emaús para Jerusalém

Para quem crê, nenhuma noite é treva definitiva quando Jesus ilumina nossos olhos. Ele é o caminho! Ele é a luz! Ele é a vida!

O itinerário que a Igreja propõe a Ressurreição de Jesus é um claro convite a viver uma vida pascal. Cada leitura proclamada pela liturgia atiça o nosso desejo de sermos ressuscitados com Cristo e nos deixarmos inebriar por sua luz radiante. O Evangelho de João, proclamado durante a semana e aos domingos, mostra-nos os sinais que o Ressuscitado vai apresentando à comunidade, para que uma verdadeira experiência seja feita. Pelo Cristo, com Cristo, ao Pai. Uma exceção no percurso evangélico é uma bela página, e que sempre me ajuda na oração pessoal, proposta duas vezes neste período (4ª feira da Oitava da Páscoa; 3º Domingo da Páscoa): a narrativa dos discípulos de Emaús, presente em Lucas, capítulo 24, versículos de 13 a 35.

Quem nunca sentiu seu coração arder ao ouvir e meditar este Evangelho? A lógica que o Evangelho narra, que sempre lemos ou cantamos, é de Jerusalém a Emaús. Esta é, de fato, a maior parte descrita por Lucas. O exercício que proponho a você, hoje, é meditar este evangelho de Emaús a Jerusalém. Não encontramos muitos detalhes neste itinerário: “naquela mesma hora, levantaram-se e voltaram a Jerusalém, onde encontraram reunidos os Onze e os outros discípulos”. (Lc 24,33) Um único versículo acena para esta realidade. No Angelus do terceiro domingo da Páscoa, o Papa Francisco disse que “os dois diferentes caminhos daqueles primeiros discípulos dizem a nós, discípulos de Jesus hoje, que na vida temos diante de nós duas direções opostas: tem-se o caminho de quem, como aqueles dois na ida, se deixa paralisar pelas desilusões da vida e segue adiante triste; e se tem o caminho de quem não coloca em primeiro lugar a si mesmo e seus problemas, mas Jesus que nos visita, e os irmãos que esperam a sua visita.”

Esta talvez seja a realidade mais difícil e mais bonita da vida do cristão: no paradoxo da nossa existência, quando, no entardecer de nossos dias, mesmo cansados, somos capazes de nos mover de volta à Jerusalém. A experiência vivida por eles aponta para a nossa vida de fé, por vezes vacilante, desanimada, sem sentir a presença do Ressuscitado. Santo Agostinho, ao meditar este Evangelho, afirma que “quando o Senhor os abordou, os discípulos não tinham fé. Não acreditavam na sua ressurreição; nem sequer esperavam que Ele pudesse ressuscitar. Tinham perdido a fé; tinham perdido a esperança. Eram mortos que caminhavam ao lado de um vivo; caminhavam mortos juntamente com a vida. A vida caminhava com eles mas, no coração destes homens, a vida ainda não se tinha renovado”.

Na ida, os discípulos conversavam com Cristo, mas seus olhos eram incapazes de reconhecê-lo. Na volta, mesmo de noite, eles não precisavam temer, pois seus olhos já haviam contemplado a verdadeira e suficiente Luz. Para quem crê, nenhuma noite é treva definitiva quando Jesus ilumina nossos olhos. Ele é o caminho! Ele é a luz! Ele é a vida! É Ele, o mesmo Cristo, que se oferece aos discípulos, os restaura e também se oferece a nós. É Ele, o mesmo Cristo, que nos impulsiona a abandonar a Emaús dos nossos medos e partir para a Jerusalém da esperança e da certeza. Nosso destino é Jerusalém!

Marcus Tullius

Apresentador da TV Pai Eterno

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