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Fome: um retrato da desigualdade social

“Esses dias está faltando tudo. Ontem eu não fiz almoço, deixei para fazer a janta”, dona Ivanete 

IMAGEM: Agência Santo Afonso

O Brasil voltou a ocupar o cenário da fome, mesmo sendo o 4º maior produtor e o segundo maior exportador de grãos do mundo, de acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Uma realidade vivida por milhões de famílias, que dependem de ajuda para se alimentar.

É o caso da família do seu Raimundo Barbosa, catador de reciclados, que devido a um problema no joelho precisou passar por cirurgia, e no momento não pode andar. A esposa, Ivanete Vieira, ajudava com os recicláveis, mas, agora, está em casa cuidando do companheiro. O que deixou o sustento do lar prejudicado.

Em casa, Ivanete fez um fogão a lenha no quintal, mas não é todo dia que tem alimento para cozinhar. “Esses dias está faltando tudo. Ontem eu não fiz almoço, deixei para fazer a janta. Eu queria lavar uma roupa, e não tinha o sabão, então pedi uma vizinha. Essa é a realidade que estamos vivendo”, informa dona Ivanete.

A família é composta pelo casal e uma neta, que moram em um pequeno barracão, em um assentamento na região noroeste de Goiânia. Eles são do Estado do Pará, e vieram em busca de melhor qualidade de vida na capital de Goiás. Não está sendo fácil para eles viverem sem trabalho e comida na mesa.

Seu Raimundo está otimista com a sua recuperação e o retorno ao trabalho. “Quando estava com a saúde boa, toda semana tinha o meu dinheiro com a reciclagem”, informa o catador. A situação deles é a mesma de muitas famílias no país, principalmente após a pandemia da Covid-19; em que as pessoas venderam o que tinham para comprarem comida.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) cerca de 33 milhões de brasileiros estão passando fome todos os dias. É o maior número desde os anos 1990. Diante desse quadro, a Organização das Voluntárias de Goiás (OVG) realiza o Banco de Alimentos em parceria com a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) e Centrais de Abastecimento de Goiás (Ceasa-GO).

“Aqui, atendemos famílias e entidades cadastradas na OVG. As famílias retiram os alimentos na quarta e sexta. Já as entidades, de segunda a sábado, no período vespertino. Hoje, atendemos mais de 2 mil famílias e 240 entidades”, informa a gerente do banco de alimentos, Marília Silva.

Os comerciantes do Ceasa participam ativamente do projeto. “É muito bom poder ajudar, me sinto privilegiado por ter a condição de poder contribuir com o próximo que está precisando de alimentos”, disse o empresário Nivaldo Martins.

“Essa ajuda é muito importante, não é toda semana que tenho dinheiro para comprar as verduras, e com essa economia eu posso até comprar um arroz ou carne”, afirma a costureira Weslana Miranda.

Mesmo com contribuições de empresas e organizações, o Brasil passa por uma grande desigualdade social. Enquanto uns tem mesa farta, outros não tem o que comer.


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