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Mensagem do Santo Padre aos Missionários Redentoristas

Papa encoraja redentoristas a renovar a missão e ousar pelos mais pobres

FOTO: Vatican News

Papa Francisco mandou mensagem aos Missionários Redentoristas durante audiência aos participantes do XXVI Capítulo Geral da Congregação do Santíssimo Redentor, que aconteceu no Vaticano, em Roma. Durante o discurso, na Sala Clementina do Palácio Apostólico Vaticano, dirigiu diretamente aos redentoristas, e pediu para não terem medo de percorrer novos caminhos e de sujar as mãos em serviço aos mais necessitados.

O Santo Padre destaca que os trabalhos devem estar voltados para a humildade, unidade, sabedoria e discernimento. E a renovação da missão da Congregação deve seguir três pilares fundamentais como a centralidade do mistério de Cristo, a vida comunitária e a oração.

Veja a mensagem do Papa Francisco aos Missionários Redentoristas.

Discurso do Santo Padre
Caros irmãos e irmãs, bom dia e sejam bem-vindos!

Saúdo com alegria os Missionários Redentoristas presentes nos 85 países nos
quais atua a Congregação do Santíssimo Redentor. Saúdo também os que
estão na etapa da formação, as religiosas Redentoristas, toda a Família
carismática e os leigos associados à missão. Saúdo-os com afeto e agradeço
ao novo Superior Geral, Pe. Rogério Gomes, pelas palavras que me dirigiu.

Celebrar um Capítulo Geral não é uma formalidade canônica. É viver um
Pentecostes, que tem a capacidade de fazer novas todas as coisas (cfr.Ap
21,5). No Cenáculo os discípulos de Jesus tinham dúvidas, incertezas, medos,
queriam ficar parados e protegidos; mas o Espírito que sopra onde quer (cfr. Jo
3,8) provoca-os a se mover, a sair e ir para as periferias para levar o kerygma,
a bela Notícia.

Nesses dias Vocês estão abordando cinco temas importantes para a sua
Congregação: identidade, missão, vida consagrada, formação e governo.
Trata-se de temas fundamentais, ligados entre si, para repensar o seu carisma
à luz dos sinais dos tempos. Esse discernimento comunitário se funda na
capacidade de cada um de Vocês de buscar o mistério de Cristo Redentor, que
é a razão da sua consagração e do seu serviço aos homens e mulheres que
vivem nas periferias existenciais da nossa história de hoje. Ele se baseia na
fecundidade do carisma afonsiano, como linfa que alimenta a vida espiritual e a
missão de cada um e a faz reflorir. Eu os encorajo a ousar, tendo como único
limite o Evangelho e o Magistério da Igreja. Não tenham medo de percorrer
caminhos novos, de dialogar com o mundo (cfr. Const. 19), à luz da sua rica
tradição de teologia moral. Não receiem sujar as mãos ao serviço aos mais
necessitados e ao povo que não conta.

Nas Constituições de Vocês há uma expressão muito bela, lá onde se diz que
os Redentoristas estão disponíveis para enfrentar qualquer prova a fim de levar
a redenção de Cristo (cfr. n. 20). Disponibilidade. Não tomamos como evidente
essa palavra! Significa entregar-se inteiramente à missão, com todo o coração,
dies impendere pro redemptis, até as últimas consequências, com o olhar fixo
em Jesus que, «embora estivesse na condição divina […], despojou-se a si mesmo
assumindo a condição de servo, fazendo-se semelhante aos homens »
(Fl 2,6-7); e tornou-se um bom samaritano, um servo (cfr. Lc 10,25-37; Jo 13,1-
15).

Irmãos e irmãs, a Igreja e a vida consagrada estão vivendo um momento
histórico único, no qual têm a possibilidade de renovar-se para responder com
fidelidade criativa à missão de Cristo. Essa renovação passa através de um
processo de conversão do coração e da mente, de intensa metanoia, e também
através de uma mudança de estruturas. Às vezes temos necessidade de
quebrar os velhos cântaros (cfr. Jo 4,28), herdados de nossas tradições, que
carregaram muita água mas já cumpriram sua função. E quebrar nossos
cântaros, cheios de afetos, de costumes culturais, de histórias, não é uma
tarefa fácil, é dolorosa, mas é necessária, se quisermos beber a água nova que
brota da fonte do Espírito Santo, fonte de toda renovação. Quem permanece
apegado às próprias seguranças corre o risco de cair na sclerocardia, que
impede a ação do Espírito no coração humano. Ao invés, não devemos colocar
obstáculos à ação renovadora do Espírito, antes de tudo em nossos corações e
em nossos estilos de vida. Só assim nos tornamos missionários da esperança!

As Constituições de Vocês afirmam: «A Congregação deve adaptar sua
estrutura e suas instituições às necessidades apostólicas e acomodá-las bem à
diversidade de cada missão, salvo, porém, o carisma da Congregação» (n. 96).
«Vinho novo em odres novos » (Mc 2,22). «Uma renovação incapaz de tocar e
mudar as estruturas e o coração não conduz a uma mudança real e duradoura.
[…] Requer a abertura a imaginar formas de seguimento profético e
carismático, vividas em esquemas adequados e talvez inéditos ».[1]

Nesse processo de reimaginar e renovar a Congregação, não se deve
esquecer os três pilares fundamentais: a centralidade do mistério de Cristo, a
vida comunitária e a oração. O testemunho e os ensinamentos de Santo
Afonso os recordam continuamente a “permanecer no amor” do Senhor. Sem
Ele nada podemos fazer; permanecendo n’Ele produzimos fruto (cfr. Jo 15,1-9).
O abandono da vida comunitária e da oração é a porta da esterilidade na vida
consagrada, a morte do carisma e o fechamento para os irmãos. Ao contrário,
a docilidade ao Espírito de Cristo impele a evangelizar os pobres, segundo o
anúncio do Redentor na sinagoga de Nazaré (cfr. Lc 4,14-19), concretizado na
Congregação por Santo Afonso Maria de Ligório. Essa missão, continuada
pelos seus santos, mártires, beatos e veneráveis, conduz os Redentoristas do
mundo inteiro a dar a vida pelo Evangelho e a escrever histórias de redenção
nas páginas de nosso tempo.

Ao novo Governo Geral, primeiro organismo de animação da vita apostolica da
Congregação, desejo humildade, unidade, sabedoria e discernimento para
guiar o seu Instituto neste momento belo e desafiador da nossa história. A obra
é do Senhor, nós somos apenas servos que temos feito o que devíamos fazer
(cfr. Lc 17,10). Os que assumem a função de liderança por interesse pessoal
não servem ao Senhor que lavou os pés dos discípulos, mas aos ídolos do
mundanismo e do egoísmo.

Caros irmãos, confio a Congregação de Vocês à proteção da Mãe do Perpétuo
Socorro, a fim de que os acompanhe sempre como acompanhou o Filho ao pé
da cruz (cfr. Jo 19,25). Vocês não estão sós, são filhos amados e protegidos.
Peço ao Senhor que sejam fiéis e perseverantes na sua missão, sem jamais
esquecer os mais pobres e abandonados, aos quais Vocês servem, e aos
quais anunciam a Boa Nova da Redenção. Abençoo de coração a Vocês, as
irmãs e os fiéis leigos que compartilham do seu carisma. E lhes peço, por favor,
que rezem por mim. Obrigado!

_____________________________
[1] Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de
Vida Apostólica. Per vino nuovo otri nuovi. Dal Concilio Vaticano II la vita
consacrata e le sfide ancora aperte (6 gennaio 2017), n. 3.
[01497-IT.01] [Texto original: Italiano]
[B0726-XX.02]
(Tradução do original italiano pelo Padre José Raimundo Vidigal (FJ2600))

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