A devoção a Nossa Senhora Aparecida começou em outubro de 1717, quando três pescadores da mesma família encontraram, no rio Paraíba do Sul, na região de Guaratinguetá (SP), uma imagem simples e quebrada que ficou presa em suas redes de pesca. A imagem estava dividida em dois pedaços: primeiro encontraram o corpo e, rio abaixo, a cabeça.

Na ocasião, os pescadores receberam uma intimação para levar peixes ao Conde de Assumar. Mas outubro não é época de peixe, assim, foram para uma região mais afastada. Quando chegaram em uma curva do rio, perceberam que havia algo preso na rede. “Ao puxar, encontraram o corpo da imagem. Mais adiante, encontraram a cabeça e uniram elas. E perceberam que se tratava da imagem de Nossa Senhora da Conceição” relata a historiadora Tereza Pasin.

Com a imagem na canoa, fizeram a pescaria, e foi extremamente abundante. Ao retornarem, levou a imagem para a casa dos pescadores. Nascia ali uma devoção, reunindo os moradores da região para rezarem o terço. Nossa Senhora Aparecida entrou no coração de cada romeiro que ali chegava.

A chegada dos Missionários Redentoristas foi um marco importante para que a devoção se espalhasse. “Os redentoristas que aqui chegaram da Alemanha e depois foram para Goiás, aprenderam português rezando o terço. Uma história que Deus teceu como uma linha, olhando para o que é importante para a mãe e os filhos”, disse Tereza.

Intercessão de Nossa Senhora Aparecida

Nossa Senhora se tornou a padroeira do Brasil. De acordo com a historiadora “a primeira reunião da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) no Rio de Janeiro, os bispos reunidos acharam melhor deixar o dia 12 de outubro para homenagear a patrona, o mês do rosário”.

Uma data que marca profundamente a história da Tatiana de Jesus, devota fervorosa que dá testemunho do seu amor pela mãe Aparecida. “Eu estava grávida de quatro meses, deitada com minha filha mais velha. Quando acordei, Nossa Senhora estava nos pés da minha cama e dizia: fique firme que tudo vai dar certo e eu não entendia”, conta emocionada a devota.

O tempo passou e, quando se encaminhava para o fim da gestação o parto foi antecipado. A criança nasceu, e com algumas horas de vida gorgolejava um líquido esverdeado. Um ano e meio depois, o bebê precisou reconstruir o intestino. E mais uma vez Nossa Senhora estava ali, de acordo com Tatiana “quando fui deixar ele na porta do centro cirúrgico, minha tia que estava comigo disse ter visto Nossa Senhora com seu manto sagrado ao meu lado”.

Testemunhos como esse são vivenciados diariamente. Nossa Senhora nunca abandona seus filhos, como afirmava Papa Pio XII: ela tem a chave do coração de Deus. Por isso, quem recorre a ela nunca fica desamparado. Todos os anos, milhares de fiéis passam pelo Santuário Nacional em peregrinação. De acordo com o prefeito do Santuário, padre Diego Antônio, em 2022 o local recebeu mais de 8 milhões de pessoas durante todo o ano.

Em todo o país existem comunidades, paróquias e santuários foram erguidos em devoção à mãe Aparecida. Uma ligação popular com a figura materna. “Nossa Senhora Aparecida é um dos muitos títulos que a Virgem Maria tem. Ela é considerada a mãe do povo brasileiro, a mãe da Igreja. Nossa Senhora tem a grande missão de conduzir o povo até o coração do seu filho Jesus. Quem está próximo da mãe, jamais estará longe do filho”, finaliza o prefeito de igreja do Santuário Nacional, padre Diego Antônio.