Uma das devoções mais antigas a Nossa Senhora sob o título de Nazaré nos países cristãos católicos. No Brasil, essa história começa nos primeiros anos do século 18, na região onde hoje fica a Basílica Santuário de Nazaré, em Belém do Pará. A devoção que veio da Europa se instalou no meio da Amazônia.

De acordo com relatos, o pároco da Basílica Santuário Nossa Senhora de Nazaré, padre Francisco Maria Cavalcante, explica que um homem muito católico encontrou uma imagem mariana de Nossa Senhora de Nazaré e a levou para casa. No outro dia, a imagem sumiu. “Ele sentiu no coração de retornar ao local onde encontrou a imagem, e assim o fez. Para sua surpresa, encontrou ela lá. Tornou a levá-la para casa. Amanheceu, e novamente ela não estava lá”, conta padre Francisco.

Com esses acontecimentos, a história começou a correr na região. Segundo o especialista em Círio de Nazaré, Marcelo Pinheiro, “em Belém, falamos muito respeitosamente que essa imagem é irrequieta. E assim deve ser nossa fé, colocada em algo que se mostra em outro”, explica Marcelo.

O responsável da província do Grão Pará soube da história e levou a imagem para o palácio do governador. Com isso, “a imagem sumiu novamente e apareceu onde tinha sido encontrada. Na beira do Igarapé”, informa padre Francisco. Foi aí que entendeu que a Virgem Maria queria manifestar algo naquele lugar. Por isso, foi construída a casa de Plácido no local.

O ponto passou a ser a casa de apoio para as pessoas que transitavam no local, em direção a diversas regiões brasileiras. Segundo o pároco Francisco, “a história da imagem milagrosa foi correndo para fora do Estado do Pará. Pessoas em peregrinação vinham agradecer e fazer suas preces”.

Um século depois, o novo governador da região, Souza Coutinho, promove a primeira procissão em honra a rainha da Amazônia. Souza ficou gravemente doente, em esperança de sobreviver e desejoso de fazer a homenagem à Virgem Santíssima, ele fez uma promessa a Nossa Senhora. “Se ele fosse curado, iria levar a imagem da Capela do Palácio do Governador para a Ermida”, informa o pároco.

Milagrosamente o governador ficou curado, e aí nasce o primeiro Círio de Nazaré. “Eu costumo dizer que o Círio tem três pilares: a devoção a Nossa Senhora, a confiança na sua intercessão e a confiança de que para Deus nada é impossível”, explica o padre.

Devoção

A partir de 1793 tem início o Círio de Nazaré, que ganha corpo e uma extensa programação. É a procissão do Círio que caminha junto com a rainha da Amazônia.

Em setembro de 2020, a devota Cristina Viana recebeu o diagnóstico de um câncer no intestino. A fé e a devoção em Nossa Senhora de Nazaré foi a força que ela precisava, “até na hora que eu recebi o diagnóstico eu estava muito tranquila, confiante nela”, disse a devota, que viveu 24 dias de internação após a cirurgia, sendo 10 deles na UTI.

Sempre com fé, tranquilidade e serenidade, devido à confiança estar na Virgem de Nazaré, esse foi o milagre de Cristina. Ela conseguiu superar todos os problemas acompanhada da confortável doçura. “Sou realmente agradecida a minha mãe Nazaré, que me acompanha todos os dias. Podemos pedir sua intercessão”, finaliza a devota.