Benigna, primeira beata do Ceará e quarta mártir do Brasil. Ela tinha apenas 13 anos quando sofreu uma tentativa de estupro. A jovem resistiu e foi morta a golpes de facão, sendo mais uma vítima de feminicídio, em 1941. A devoção dos fiéis começou logo depois da morte. Mas, apenas em 2019 a beatificação de Benigna foi autorizada pelo Papa Francisco, em outubro de 2022.

O caso é relatado no livro “Benigna: a menina mártir do Sertão do Cariri”, escrito pela autora Dílvia Ludvichak. Nascida em 15 de outubro de 1928, a caçula dos quatro irmãos ficou órfã logo cedo. Segundo a autora, “sua curtíssima vida foi marcada pelo sofrimento de uma infância pobre, excesso de responsabilidades, como também pela fé e amor a Deus, e pela generosidade e sensibilidade para com todas as criaturas”.

Benigna partiu para a eternidade em 1941, mas sua história retrata bem o momento atual, em que muitas mulheres sofrem com o feminicídio. Segundo a autora, a adolescente era assistida por um padre da sua comunidade, e apresentava o desejo de viver para Cristo. Mas, um rapaz próximo a ela não aceitava o seu desejo e praticou o ato violento.

Desde a beatificação de Benigna, um Santuário está sendo construído em sua memória, atraindo cada vez mais visitantes em Inhumas – Santana do Cariri, no Ceará. Dílvia que pesquisou sobre a vida de Benigna conta que todas as homenagens são válidas. “Ela era uma menina especial, e obviamente não deveria ter morrido desta forma. Mas, desde então, as pessoas começaram a pedir intercessão de Benigna. Gerando uma grande devoção popular”, explica a autora.

No dicionário, Benigna quer dizer que algo, ou alguém, é bom, tem boa índole, é de bom caráter. Características que definem bem a história da jovem beata, que com uma linguagem simples e muitas ilustrações, foi descrita para devotos de todas as idades por meio do trabalho da Dílvia.

O livro faz parte de uma coleção que chama Amigos de Deus, e todos as obras dessa coleção são espécies de biografias de Santos. Para ajudar as crianças a entender que a santidade está ao alcance de todos a partir da realidade de onde se encontra. Benigna é o rosto das mulheres vítimas de feminicídio e das crianças vítimas de violência no Brasil, e o livro aborda a situação de uma forma delicada, mas sem omitir a situação.