Prestação de Contas

Entrevista com o presidente

Pe. André Ricardo responde dúvidas e fala sobre novo momento da Afipe

Nas últimas semanas, a Afipe esteve presente na mídia em vários momentos devido à investigação encabeçada pelo Ministério Público de Goiás. Muitos devotos levantaram vários questionamentos a respeito de tudo o que vem acontecendo desde então. Em entrevista ao portal Pai Eterno, o presidente da Associação, Pe. André Ricardo de Melo, esclarece as principais dúvidas. Confira:

Por que o Padre Robson não pode aparecer nas novenas?

O Pai Eterno nos concede a possibilidade de experimentar cada dia, com sua dor e a sua alegria. Jesus, nosso Senhor, disse e nos advertiu: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão dadas por acréscimo” (Mt 6,33). Eu vejo que estamos dedicando muito tempo e energia com preocupações importantes, mas que poderiam ser guardadas para outro momento. É hora de colocarmos todo o foco no Pai Eterno e em sua obra evangelizadora que tanto precisa da nossa ação e participação.

As Novenas estão sendo levadas adiante com todo o amor e carinho conforme nos ensinaram os antigos e os mais modernos pregadores, não temos negligenciado nesse aspecto. É bonito ver que as pessoas que se interessam na oração estão acompanhando com fé as Novenas em todos os horários que elas são apresentadas e muito nos alegra que a TV Pai Eterno e a RedeVida de Televisão continuam a ser companheiras do devoto que aprecia e encontra nas Novenas uma oportunidade de oração profunda e de conexão com o mais bonito dos mistérios: o coração do Pai Eterno está repleto de amor por todos os Seus filhos e filhas.

A questão colocada precisa ser compreendida no seu sentido de bondade da pessoa que a formulou. Eu creio que ela pergunta com muito amor. E como resposta respeitosa e também amorosa, entendemos que nenhuma pessoa está proibida de aparecer nas Novenas, mas neste momento, encontramos na pessoa do Pe. João Paulo Santos, novo reitor do Santuário Basílica do Divino Pai Eterno, o carinho de quem vai rezar conosco a Novena principal dessa devoção abençoada. As outras Novenas têm também encontrado em outras pessoas, um jeito bonito para serem rezadas com todo fervor.

A Instituição AFIPE é milionária?

Há uma coisa que se constitui, nos dias atuais, uma verdadeira tentação para todos nós: o julgamento sem fundamento. Bem aquilo que tanto pediu o Filho do Pai Eterno que não fizéssemos em nossa vida: “Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que julgais, sereis julgados; e com a medida com que medis vos medirão a vós” (Mt 7,1). Desde os primeiros anos de existência da Afipe, todos foram informados de que, para alcançar suas finalidades, era necessário que se juntasse um volume importante de recursos. E somente isso foi feito: recolhendo as doações se faz frente aos compromissos que são realmente milionários.

Isso não se parece em nada com a expressão que normalmente se usa para criticar uma instituição que estaria acumulando riquezas. Os compromissos que os devotos autorizaram a Afipe fazer são de grande monta financeira: a evangelização por meios eletrônicos modernos, a mega construção de um santuário e o apoio a entidades de assistência social. Tudo isso demanda muito recurso, tudo isso exige de seus administradores uma enorme correção e eficiência na lida com o dinheiro, mas nada disso pode ser colocado na conta de uma instituição que ostenta ou que se pode chamar de milionária. O que a Afipe ganha ela emprega em suas finalidades.

Se nós, que somos filhos e filhas deste sonho de amor, começarmos a ceder à tentação de dar à Afipe títulos que a igualam a instituições que buscam o lucro e a acumulação, estaremos prestando um enorme desserviço ao trabalho evangelizador que é realizado e para o qual todo o recurso financeiro é destinado. A Afipe não é uma entidade milionária, portanto, mas uma entidade que lida com enormes quantias de recurso para cumprir fielmente os seus compromissos grandiosos.

Por que foi retirado todo material que contém a foto e imagem do Padre Robson? Querem apagar a imagem dele?

Uma questão apresentada nesses termos merece uma reflexão mais profunda. Todos nós que acompanhamos os últimos acontecimentos que a mídia nacional fez questão de tornar um espetáculo pedia que fôssemos cuidadosos com todos os irmãos e irmãs que sempre lutaram na construção da honra e do nome da Afipe. É preciso proteger as pessoas e não ceder à lógica do espetáculo. Não fizemos outra coisa que não seja demonstrar que não participamos desse jogo.

Eu e todo o grupo dos Missionários Redentoristas de Goiás temos um grande respeito por todos que fazem parte desta história de amor ao Pai Eterno representada pela Afipe. Da nossa parte, nunca saiu uma orientação sequer que fosse contra esse princípio. E o valor de cada pessoa é sagrado. Nem nós e nem ninguém pode apagar uma história pessoal de amor e dedicação à causa da evangelização. E todos nós formamos um só corpo de trabalho missionário. Nossa vocação é evangelizar como comunidade formada pelos filhos de Santo Afonso de Ligório, nosso fundador.

Causa-me preocupação saber que possa existir alguém duvidando da lisura de nossas providências. Peço ao Espírito Santo que não nos deixe distanciar do caminho justo e certo. Mesmo considerando as fraquezas de uma pessoa ou de um grupo, é preciso sempre crer no melhor, buscar o melhor, querer o melhor. Lutamos para que essa seja a luz que nos guia nesse tempo tão difícil e contamos com o apoio e a compreensão de quem nos acompanha nessa luta.

A AFIPE pode ter bens como fazendas, bois, casa de praia…ela é privada ou filantrópica?

A Afipe, como está escrito em seus estatutos, existe para que o amor ao Pai Eterno se espalhe por todos os cantos do mundo. Esse princípio está sendo amplamente divulgado nesses dias tão complicados. Graças ao Pai Eterno, temos a comprovação real de que todos os movimentos que estamos fazendo neste momento estão sendo nessa direção. E há que se esclarecer que nessa campanha, na qual se destacam acusações, não tem sido consideradas as explicações sérias e bem fundadas sobre a aquisição de bens e manutenção do poder dos recursos doados.

É preciso que nós, filhos e filhas do Pai Eterno, não nos façamos de gado que corre atrás das histórias fantasiosas que estão colocadas e nos afastemos da verdade dos fatos. A Afipe tem um patrimônio conhecido e sua função é apenas conservar intacto o valor das doações recebidas. Não há nenhuma intenção de esconder coisa alguma. A transparência que abraçamos como objetivo principal no momento em que nuvens de suspeitas recaíram sobre uma história limpa e bonita vai nos acompanhar e não permitiremos, pela força da verdade, que nenhuma dúvida paire sobre os procedimentos que adotamos.

A Afipe, como quase todos sabem, não é uma entidade filantrópica amparada por um título social. É uma entidade privada que vive de doações voluntárias, como tem sido amplamente divulgado. Nem por isso nos distanciamos da obrigação que é oriunda não de lei humana, mas da força que nasce do Evangelho que é a de servir os pobres. O amplo trabalho de apoio social desenvolvido pela Afipe é um dos seus mais importantes patrimônios. Claro que, no momento, com a diminuição drástica das doações, esse trabalho, infelizmente, também sofre um impacto mortal.

Por que a nova Diretoria da AFIPE, ainda não se manifestou ou deu explicações aos devotos sobre os fatos ocorridos com o Padre Robson/via carta aos devotos?

A nova diretoria da Afipe tem se manifestado da forma que pode e com a prudência necessária num momento como o que nós estamos vivendo. Tudo o que está acontecendo tem seu discurso emitido pelo Ministério Público e a Justiça de Goiás. São essas entidades que protagonizam a cena e não cabe à instituição acrescentar ou diminuir nenhuma palavra. O que nos toca é assumir a obra evangelizadora com grande ardor e responsabilidade e a nova diretoria tem feito tudo para corresponder ao chamado do Pai Eterno.

A carta mensal, instrumento tão querido dos devotos, recebeu também um impacto dos últimos fatos. Além de uma greve dos Correios que atrasou o processo, muitas providências foram necessárias para que se chegasse a uma nova formatação dela. Ainda assim, a carta mensal atual está sendo enviada com toda a limpidez do que ocorre e do que estamos fazendo para seguir a missão determinada pelos estatutos da Afipe. Todas as pessoas que dela tiverem conhecimento poderão ver que continuamos a caminhar, assumindo o peso da história presente e olhando para frente com esperança.

É importante ressaltar que, na impossibilidade de chegarmos rapidamente aos devotos por meio da carta mensal, procuramos disponibilizar na TV Pai Eterno todas as declarações necessárias para informar os devotos sobre o que está acontecendo e, principalmente, sobre todas as providências que tomamos para garantir o esclarecimento de dúvidas de modo a preservar a confiança de quem colabora conosco com generosidade e com grande amor aos irmãos e ao Pai Eterno.

Caso o Padre Robson não seja absolvido, ele poderá celebrar missas?

As preocupações são muito válidas e demonstram um grande amor dos devotos pela história da Afipe. Como é do conhecimento de muita gente, uma vez que os processos são públicos, a existência de um processo canônico requer cuidado, silêncio e muita prudência na condução dele. Desse modo, ainda é cedo e temerário dar respostas que dependem da conclusão desse processo em curso. Mas, podem todos os devotos ficarem em paz que tudo está sendo feito para que todos sejam devidamente amparados, ouvidos e acompanhados pela Congregação dos Missionários Redentoristas de Goiás e pela Arquidiocese de Goiânia.

A existência do processo canônico não significa, em absoluto, nenhuma condenação ou manutenção da situação atual. Um processo somente diz que a Igreja cuida de esclarecer as situações de sombra que foram levantadas e, certamente, cuidará de recompor tudo o que essa confusão tem tirado do lugar. É um processo entre irmãos no qual reina o zelo e a misericórdia. Dessa maneira, ninguém precisa se preocupar e nem se apressar em relação ao teor do resultado.

Talvez seja importante também esclarecer que a situação atual não proibiu nenhuma pessoa envolvida na história de celebrar a Eucaristia. Houve, por força do processo canônico e no sentido de preservar com segurança, o impedimento da companhia de outras pessoas na celebração da missa. É na Eucaristia que todos nós nos alimentamos do pão vivo descido do céu. A missa é o nosso lugar de consolo e de discernimento diante do sacrifício redentor de Jesus, por amor ao Pai, na luz e na força do Espírito Santo.

Os devotos querem saber por que não se coloca outros Padres pra rezarem as Novenas?

As novenas foram conduzidas de um modo mais pessoal durante todo esse tempo de existência da Afipe. Neste momento, outras pessoas assumiram a presidência dessas orações: um padre, um irmão e uma irmã. Outro padre deverá ocupar o lugar do irmão, proximamente, na Novena de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e prosseguiremos contando com a grande riqueza da participação feminina na condução da Novena ao Sagrado Coração de Jesus. Desse modo, estamos respondendo a esse apelo dos devotos que querem ver outros missionários nas Novenas.

Acho muito bonito que as pessoas estejam pedindo a participação de mais missionários em nosso trabalho de evangelização na TV. Posso anunciar, com grande satisfação, que, com o passar do tempo, todos vão ver mais missionários redentoristas no comando dos nossos momentos de pregação e de oração. Nossa Província Redentorista de Goiás tem a alegria de contar com mais de setenta sacerdotes que atendem às necessidades pastorais em Goiás, no Tocantins, no Mato Grosso e no Distrito Federal. Na medida do possível, vamos engajar mais padres no trabalho de evangelização da TV Pai Eterno.

Além disso, posso também dizer que missionários de outras províncias redentoristas do Brasil tem se juntado a nós nesse trabalho. Já estamos acompanhando a atuação de um padre da vice-província do Recife na condução do programa “A Redenção” e apenas terminamos de acompanhar a Novena e a festa de Nossa Senhora Aparecida animadas pelos missionários da província de São Paulo. Ainda deve se juntar a nós uma colaboração constante dos confrades da vice-província da Bahia, por meio do trabalho realizado no Santuário de Bom Jesus da Lapa.

Por que foi constituída a ‘NOVA AFIPE’?

A Afipe continua a ser Afipe. O termo “nova” apenas e tão somente demonstra o desejo de dar um passo adiante honrando a história da Associação com os olhos para o futuro. Os fatos recentes produziram uma fuga enorme de colaboradores. Estamos com 80% menos de apoiadores com doação regular. Só que as dívidas e os compromissos com a evangelização na TV e com a construção do Novo Santuário não cessam por causa disso. Tudo precisa ser pago a tempo e hora. Estamos fazendo tudo o que podemos para enxugar despesas e tentar conseguir fazer a Associação cumprir seus compromissos financeiros. O que há de novo é isso: um esforço sobre-humano para dar conta de uma situação tão pesada.

Se alguém pensa que a palavra “nova” tem algum tipo de condenação a respeito do se fez até aqui na Associação, se enganou. É “nova” porque está sendo envolvida por um esforço de pessoas de boa vontade que querem seguir sem abaixar a cabeça e celebrando os grandes princípios que serviram para que essa Associação nascesse e crescesse até agosto passado. O que está diante de nós é um desafio sem precedentes, um pedido para uma luta muito profunda no sentido de sensibilizar a todos de que não podemos parar e precisamos seguir.

Renovados pelo amor do Pai Eterno que não abandona Seus filhos e filhas nas horas mais difíceis da vida, insistimos em acreditar no sonho Afipe com os braços abertos e com profunda confiança na força que adquirimos quando nos unimos num só coração e numa só alma. Quando nos aproximamos daquele ideal sonhado por Jesus que só quis fazer a vontade do Pai Eterno: para que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em Ti. Que eles também estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. Dei-lhes a glória que me deste, para que eles sejam um, assim como nós somos um: eu neles e Tu em mim. Que eles sejam levados à plena unidade, para que o mundo saiba que Tu me enviaste, e os amaste como igualmente me amaste (Jo 17, 21-23).

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