Especial

Democracia

A fé ajuda a perceber a importância da democracia e ousa oferecer fundamentos a serem continuamente refletidos e discutidos

IMAGEM: Agência Santo Afonso

Dom Leonardo Steiner
Arcebispo de Manaus

“Não se pode deixar de constatar, com preocupação, que hoje – e não só no continente europeu – se verifica um retrocesso da democracia. Esta exige a participação e o envolvimento de todos e, consequentemente, requer fadiga e paciência. É complexa, ao passo que o autoritarismo é despachado, e as garantias fáceis propostas pelos populismos aparecem tentadoras. Em várias sociedades, preocupadas com a segurança e anestesiadas pelo consumismo, o cansaço e o descontentamento levam a uma espécie de «ceticismo democrático». Mas a participação de todos é uma exigência fundamental; e não só para alcançar objetivos comuns, mas porque responde àquilo que somos: seres sociais, irrepetíveis e ao mesmo tempo interdependentes.” (Papa Francisco, Atenas, 2021)

Democracia vem do latim tardio democratia, e o latim herdou do grego demokratía. Democracia é formada de duas palavras: demos+kratos. Demos significa povo, e kratos força; e kratein é governar. Democracia tem o significado governo do povo, a força de um povo com seu modo de conviver como povo. Até poderíamos dizer que é a autodeterminação de um povo que é senhor de si mesmo (domínio). O poder é o povo! Povo não é uma palavra vazia, diz, expressa as pessoas que formam a sociedade. Foge, portanto da compreensão de elite, de grupo, para expressar a totalidade das mulheres e homens que formam a sociedade.

Faz-se necessário estar no movimento da reflexão, da discussão, do estudo, do debate quanto à democracia. Não só no tempo das eleições. Mesmo o receio de trazer à fala, à discussão a democracia é sinal da necessidade de envolvimento contínuo nos debates e reflexões. A sociedade toda deve estar envolvida nesse movimento! Não é privilégio ou poder de um grupo. Caso contrário corre-se riscos.

Risco do ceticismo em relação à democracia provocado pela distância das instituições, pelo medo da perda de identidade, pela burocracia. Risco de apropriação pela corrupção. Risco de dominação pela tomada de poder. Risco de tornar a política uma colonização de ideologias e interesses de grupos, esquecendo da sociedade, do Povo. Mas especialmente o risco de perde o horizonte de toda a democracia: o bem comum de todos os cidadãos. “Fala-se muito de quem vai à esquerda ou à direita, mas o ponto decisivo é avançar e ir para a frente, quer dizer, caminhar rumo à justiça social” (Alcide De Gasperi,1949). A democracia, governo do povo,

É a democracia que garante a diversidade cultural e racial, a liberdade religiosa e de culto. É o modo de ser da democracia que ajuda um país a ser país, nação, mas também estado. A democracia que é democracia integra a todos, não exclui ninguém. É o modo de ser povo, de organizar-se que exige a participação de todos que formam um povo. Ela evita que uma pessoa ou grupo tome para si o poder de governar. Possibilita as relações entre os poderes para o bem do povo.

A fé ajuda a perceber a importância da democracia e ousa oferecer fundamentos a serem continuamente refletidos e discutidos. Melhor, a mulher de fé e o homem de fé, como seres sociais, oferecem sua contribuição para o fortalecimento da democracia. Participar do debate, da reflexão em torno da democracia e assegurar a democracia, é tarefa dos seguidores e seguidoras de Jesus. A democracia jamais chega pronta. De geração em geração, estar no exercício da democracia.

 

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