Defender a Amazônia é defender os direitos dos povos originários
Recentemente a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou uma nota em defesa dos povos originários motivada pela realidade vivida pelo povo Yanomami que, segundo o documento, é a “Síntese da ofensiva contra os direitos dos indígenas agravada nos últimos anos”.
A Igreja, sempre atenta às necessidades da comunidade, desenvolve ações e cuidados especiais com os indígenas. De acordo com o assessor da Rede Eclesial Pan-Amazônica, a Repam-Brasil e também da Comissão Ecologia Integral e Mineração da CNBB, padre Dário Bossi, a Igreja se aproxima desses povos em defesa da vida.
A comunidade católica se faz próxima por meio do encontro de diálogos, buscando culturas e experiências religiosas. “Quando os povos demonstram interesse em manifestar o diálogo com a nossa fé, a Igreja faz o anúncio do evangelho em meios às comunidades indígenas”, conta padre Dário.
Em nome do Papa Francisco e da CNBB, o Cardeal Leonardo Steiner visitou a Casa de Saúde Indígena Yanomami em Boa Vista (RO). Dom Leonardo explica que “faz 50 anos que a Igreja criou o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), por meio dele as lideranças despertaram para as organizações de resgate à cultura e raízes desses povos”.
São muitos os religiosos e padres que atuam e moram em aldeias. Infelizmente, na região do Surucucu em Roraima, onde o índice de desnutrição e malária são maiores, a Igreja não conta com uma comunidade religiosa presente. Mas a Igreja sempre se manifestou em relação ao garimpo. E grupos fizeram denúncias na Organização das Nações Unidas (ONU).
Durante encontro com lideranças, Dom Leonardo ficou “impactado com as crianças desnutridas. Com a perda do desejo de viver, o que é gravíssimo. Além de me emocionar profundamente com relatos de abusos sexuais e adolescentes grávidas por garimpeiros. Isso é a perda da nossa humanidade, uma gravidade enorme”.
Diante de todos os relatos de Dom Leonardo, o padre Dário conta que a Igreja tem buscado fazer a diferença nessas comunidades. “Estamos indo ao encontro com os necessitados, para encontrar um caminho de libertação e paz. Para juntos podermos construir o reino de Deus, cuidando da casa comum como ensina o Papa Francisco”, explica padre Dário.
Dom Leonardo enfatiza que a Igreja “não deseja impor uma religião, mas apenas buscar soluções e pensar no futuro”. O resgate da língua e cultura faz parte da consciência dos indígenas, e com a criação do Ministério dos Povos Indígenas há a possibilidade de uma efetivação do respeito e cuidado com esses grupos.
A Igreja, por meio do Cimi, busca cultivar as culturas, incentivar a saúde e visa a educação dentro das comunidades indígenas. “São muitos os missionários e padres indígenas que estão atuando dia após dia para mudar essa realidade que os povos originários estão passando”, finaliza o cardeal.