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Dom Dimas Lara: “O Pai Eterno nos chama a ser profetas e nos envia para anunciar a Salvação”

Leia a homilia proferida pelo arcebispo de Campo Grande no segundo dia da novena preparatória

Dom Dimas Lara Barbosa, arcebispo de Campo Grande (MS), ao presidir a missa e novena neste sábado, 24 de junho, contextualizou a celebração: “É muito oportuno que nós estejamos celebrando, nesse segundo dia da novena do Pai Eterno, o justamente a solenidade do nascimento de João Batista. Sabemos muito bem que São João foi o precursor de Jesus, aquele que devia preparar os caminhos do Senhor, aquele que deveria ir à sua frente para preparar os seus caminhos. João batizou Jesus e a pregação dele foi tão marcante que muita gente começou a se perguntar se ele não seria o Cristo. E é interessante que na segunda leitura de hoje, tirada dos Atos dos Apóstolos, São Paulo lembra algo que fica muito claro nos evangelhos que João tem a atitude do verdadeiro discípulo. Sabemos que João Batista não chegou a ser discípulo de Jesus porque ele foi assassinado antes. João Batista preparou os caminhos do Senhor, batizou Jesus, mas pouco depois, ele foi jogado na prisão e depois foi decapitado, mas, ele teve a oportunidade de encaminhar os seus próprios discípulos para que eles passassem, dali para adiante, seguir Jesus“.

E Dom Dimas esclarece o que seria essa atitude do seguinte modo: “Embora João não tenha sido um discípulo, no sentido próprio do termo, ele teve a atitude perfeita do verdadeiro discípulo quando começaram a confundi-lo com o Cristo, ele disse: ‘eu não sou o Cristo. Depois de mim vem alguém que é maior do que eu e do qual eu não sou digno de desamarrar as correias dos calçados. É preciso que ele cresça e eu diminua. Eu vos batizo com água, ele vos batizará com o Espírito Santo e com o fogo‘”.

Meus queridos: desde o começo da nossa novena tem sido dito que todos nós, pelo próprio Batismo, somos chamados a exercer o dom da profecia. Pelo Batismo, nós somos chamados a ser profetas, sacerdotes e reis, chamados a participar da tríplice missão do próprio Senhor Jesus de sermos anunciadores, de sermos consagradores de tudo que fazemos e do mundo e de sermos construtores da sociedade justa e solidária e do próprio mundo que Deus coloca à nossa disposição“, explicou.

O arcebispo de Campo Grande esclareceu: “E muitos de nós poderá ter sucesso, poderá ter tanta projeção que as pessoas poderão nos confundir e a tentação de nos colocar no lugar do Senhor deverá ser combatida e que nós sejamos capazes de dizer, como João Batista, ‘eu não sou o Cristo’. Não a mim, Senhor, não a mim, mas a ti seja dada a glória“.

Agora, interessante, falando em profecia, já que o nosso tema é justamente esse: chamados a sermos profetas, a exercermos esse múnus, essa missão profética, vamos nos lembrar de algo importante. Não é segredo que estamos atravessando muitas crises. A família está em crise, nosso país vive em crise, crise ética, crise de valores, crise econômica, crise institucional. Vejam bem, meus amigos: a crise tem a ver com o crisol, a purificação do ouro no cadinho do fogo, mas que é, ao mesmo tempo, um desafio e uma oportunidade de sairmos da crise crescidos, sairmos purificados. Pois bem, quando vem a crise, existem vários tipos de comportamento diante da crise. Existem pessoas que manifestam o ‘complexo de avestruz’ . A avestruz, vocês sabem muito bem que quando ela está em perigo, enfia a cabeça em qualquer buraco e espera o perigo passar. Existem pessoas que fogem das dificuldades, se escondem. Outras, ao contrário, acham que a solução está no passado. ‘Tempo bom não volta mais’ (cantarola), já ouviram essa música, né? Então, tem aquelas pessoas que confundem tradição com tradicionalismo e acham que somente aquilo que é do passado que era bom, hoje nada presta, nada serve, então, é preciso voltar ao passado. De fato, a Igreja se purifica quando ela volta às suas origens, mas ela não para lá. O profeta é um homem que lança suas raízes, sem dúvida alguma, no passado, mas ele é homem, uma mulher chamados a falar às pessoas do seu tempo no hoje da história“, reflete Dom Dimas.

“Queremos pedir à nossa querida Mamãe do céu, a Mãe do Perpétuo Socorro, que ela nos cubra com o seu manto e que nós sejamos capazes, do jeito dela, de dizer: ‘faça, Senhor. Faça-se em mim, segundo a vossa Palavra’. E assim, nós seremos os discípulos missionários, as discípulas missionárias , os profetas e as profetisas, de que o mundo tanto precisa e de que a Igreja tanto necessita”  Dom Dimas Lara

Dentro dessas reações, prossegue o pregador: “outras pessoas, diante da crise, se apegam ao futuro. O mundo não tem jeito, a solução é Jesus voltar, acabar com tudo e começar de novo. Interpretam novos céus e nova terra como um recomeço radical. De modo que tudo o que aconteceu, tudo o que foi feito ao longo da história da humanidade não presta, precisa ser destruído porque foi só pecado, só corrupção e os novos céus e nova terra seria algo totalmente novo. O profeta sabe, sim, que ele precisa estar aberto ao futuro de Deus, porque o futuro a Deus pertence, mas ele sabe também que tudo o que fizermos de bom haverá de ser transformado e assumido na nova criação. Passará a fé e a esperança, mas a caridade não passará, essa permanecerá para sempre, de modo que tudo que nós fizermos no amor há de ser assumido nesse grande projeto de Deus“.

Existem pessoas que, justamente por causa do medo, se juntam em grupos fechados, sectários. Vocês sabem que ‘seita’, ‘secta’ que dizer ‘divisão’. São aquelas pessoas que se separam da Igreja em grupos que só sabem criticar e é impressionante como que tem católicos que são chegados nas fake news. Basta chegar um vídeo falando mal do Papa, falando mal dos bispos, falando mal da CNBB, falando mal da Igreja  e já repercute para todos os seus contatos“, continua.

Dom Dimas resume sua homilia: “o profeta, meus queridos, é um homem, uma mulher do seu tempo. Ele sabe que deve florescer onde Deus o plantou com todas as dificuldades, com todos os desafios, com todas as crises. Sim, ele é homem que sabe ser portador de uma tradição, por isso ele lança suas raízes no passado. Ele sabe que tem que estar aberto ao futuro que a Deus pertence. Ele sabe que ele pertence a uma Igreja e ele tem o santo orgulho de fazer parte dela, ele não se separa dela e se ele quer reformá-la, ele vai fazer como os grandes santos do passado e do presente também que, mesmo sabendo que a Igreja precisa ser reformada, eles a reformam a partir de dentro e não se colocando contra ela, como se eles tivessem a última palavra. A última palavra pertence ao Pai Eterno, a última palavra pertence ao nosso Senhor, a última palavra pertence ao Espírito Santo”.

Portanto, nós somos chamados, como João Batista, a sermos esses anunciadores da Boa Nova de Jesus Cristo, anunciadores da salvação que Ele veio realizar em nós e quer contar conosco para que esta salvação aconteça. Queremos pedir, então, ao Divino Pai Eterno que Ele nos envie em missão, afinal de contas, a missionariedade é parte da própria essência da Igreja. A Igreja é missionária pela sua própria natureza. Essa missão lança raízes no seio da própria Trindade: é o Pai que envia o Filho; é o Pai e o Filho que enviam o Espírito Santo; é o Filho que partilha com seus discípulos o seu ser missionário de modo que nós, pelo Batismo, pela imposição das mãos, fazemos parte dessa parte dessa cadeia, dessa corrente de missão que vai até o fim dos tempos. Queremos pedir à nossa querida Mamãe do céu, a Mãe do Perpétuo Socorro, que ela nos cubra com o seu manto e que nós sejamos capazes, do jeito dela, de dizer: ‘faça, Senhor. Faça-se em mim, segundo a vossa Palavra’. E assim, nós seremos os discípulos missionários, as discípulas missionárias , os profetas e as profetisas, de que o mundo tanto precisa e de que a Igreja tanto necessita“, concluiu.

 

 

 


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