Dom João Francisco Salm, bispo de Novo Hamburgo (RS), pregou no primeiro dia da Romaria. Ele fez, inicialmente, uma contextualização mostrando que o tema geral da Festa de Trindade deste ano é inspirado no Ano Vocacional vivido por toda a Igreja no Brasil. E anunciou o primeiro tema específico: “O Pai Eterno nos chama à vida e nos envia para cuidar da terra”.

“Tudo o que foi criado provém de Deus, de sua atividade sábia e onipotente. É Ele que deu origem à luz, ao dia e à noite. Fez o firmamento que o chamou céu. Colocou em seu lugar próprio, a terra e o mar. Fez surgir a vegetação, os grandes luzeiros do dia e da noite e os demais corpos que se movimentam espalhados pelo universo. Criou uma variedade infinita de seres vivos. Os pássaros, os animais sobre a terra e os habitantes das águas. Tudo isso ele confiou à única criatura que Ele fez à sua imagem e semelhança, o ser humano, o homem e a mulher, que, segundo São Paulo, Deus escolheu desde antes da criação do mundo para serem, em Cristo, seus filhos adotivos, santos e irrepreensíveis no amor“, afirmou Dom Salm.

O bispo de Novo Hamburgo sublinhou algo que toda a criação tem um centro: “o jeito de a Bíblia contar a criação do homem e da mulher traz o ensinamento de que tudo o que existe sobre a terra deve ser considerado em referência como seu centro e seu ponto culminante. Por isso é a pessoa humana, cada homem e cada mulher e, todos juntos, que devemos dar-nos conta da missão de cuidadores e cuidadoras da terra, nossa casa comum“.

“Considerando o que acontece hoje em relação ao planeta terra, na Carta Encíclica Laudado Si’, o papa Francisco alerta: ‘esta irmã clama contra o mal que lhe provocamos por causa do uso irresponsável e do abuso dos bens que Deus nela colocou. Crescemos pensando que éramos seus proprietários e dominadores, autorizados a saqueá-la. A violência que está no coração humano, ferido pelo pecado, vislumbra-se nos sintomas de doença que notamos no solo, na água, no ar e nos seres vivos. Por isso, entre os pobres mais abandonados e maltratados encontra-se a nossa terra, comprimida e devastada que geme e sofre as dores do parto. Esquecemos que nós mesmos somos terra. O nosso corpo é constituído pelos elementos do planeta; o seu ar permite-nos respirar, e a sua água vivifica-nos e restaura-nos“, pondera dom João Francisco.

“Para resolver uma situação tão complexa como esta, diz o Papa, pela qual o mundo está passando não basta que cada um seja melhor. A conversão ecológica se requer para se criar um dinamismo de mudança duradouro é também uma conversão comunitária e isso passa pela exigência de nos reconhecermos e assumirmos como filhos e filhas do mesmo Pai que nos ama“, disse o bispo.

Dom João Francisco finalizando a homilia disse: “Empenhemo-nos, irmãos e irmãs, na dinamização do Ano Vocacional projetando e realizando atividades que promovam a tão desejada cultura vocacional. É preciso que o tema vocação, visto à luz da fé, se torne assunto nas famílias, entre as crianças, jovens e adultos, nos mais diferentes espaços onde se educam e forjam verdadeiros discípulos e discípulas missionários de Jesus Cristo. Então sim, em nossas famílias e comunidades, o chamamento de Jesus será escutado com os ouvidos do coração e muitos responderão com alegria como leigos e leigas, consagrados e consagrados e outros como diáconos e padres”.  E concluiu: “Senhor, tomai-nos sob o vosso poder e a vossa luz para proteger cada vida, para preparar um futuro melhor, para que venha o vosso reino de justiça, paz, amor e beleza. E Maria, Mãe, Mestra e Discípula missionária ensinai-nos a ouvir o Evangelho da Vocação e a responder com alegria! Amém”.