Santuário

Dom Sevilha: “O Pai Eterno nos chama a ser Igreja e nos envia para promover a reconciliação e a paz”

Bispo de Bauru (SP) fez uma pregação profunda e prática a respeito do tema do quarto dia da novena

Dom Rubens Sevilha, bispo de Bauru (SP) foi o pregador da novena em preparação para a Festa do Divino Pai Eterno no quarto dia, nesta segunda-feira, 26 de junho. Eis a íntegra da pregação:

“Pai Eterno! Caros irmãos e irmãs, todo domingo, na missa, a gente reza no “Credo”, “Creio em Deus Pai”. E no “Pai-nosso” chamamos a Deus de “Pai”. E no “Credo”, dizemos “criador do céu e da terra”. Só que na cabeça de muita gente parece que funciona assim: “eu creio que Deus criou o céu, a terra e todas as coisas, mas a mim, parece que eu apareci neste mundo por um acaso, um acidente”.

Caros irmãos e irmãs: nenhum ser humano nasceu por um acaso, por um acidente. Mesmo naqueles casos em que o pai rejeitou aquele filho, a mãe não queria a gravidez naquele momento, não interessa. Essa é a nossa parte humana e a parte humana é sempre complicada e imperfeita. Todo ser humano que pisou e que pisará neste mundo foi planejado por Deus, querido por Deus, amado por Deus.

E mais: Deus Pai, o Pai Eterno, não é daqueles pais que colocam um filho no mundo e o abandonam, não é daqueles pais que têm filhos e não cuidam deles. Deus é Pai que ama, cuida, acompanha cada um de nós, seus filhos e filhas, do jeito que nós somos. Alguém poderia dizer: mas e os meus pecados? Eu sou um filho muito ingrato. Aí eu pergunto: para pai, tem filho feio? Para pai e mãe, filho é sempre bonito. E eu ainda pergunto: quem é pai e mãe e é pecador, você ama somente filho bonzinho? Pai e mãe se preocupam ainda mais com filho meio errado, meio confuso. Assim é Deus Pai que nos ama e nos acolhe.

Como família, o Pai nos chama a ser Igreja. O que é Igreja? É a família de Deus, somos nós. Eu já encontrei gente que se afastou da Igreja, estava sumida da Igreja e eu perguntei: “fulana, você está sumida. Por que você não está vindo mais na igreja?”. Ela respondeu: “lá na igreja tem gente pior do que eu. Lá, às vezes, tem fofoca, tem não sei o quê”. Caros irmãos e irmãs: igreja não é lugar de anjo, lugar de anjo é no céu. Igreja é lugar de pecador. A igreja é o nosso lugar como pecadores, e não sou eu quem está dizendo, foi Jesus Cristo que disse: “eu vim para os pecadores e não para os justos, porque quem precisa do médico é o doente e não o sadio”.

Caros irmãos e irmãs: o Senhor nos convida agora a viver em família e isso não é fácil. Por isso, Jesus chama a nós, como família, e nos envia. O tema de hoje lembra que somos enviados para promover a reconciliação e viver a paz, isto é, viver unidos. A primeira leitura mostrou os cristãos unidos, tudo em comum, rezando, todos juntos, que beleza! Claro que temos as dificuldades, a sua família não é perfeita, aliás, neste mundo só teve uma família perfeita. Uma. A de Nazaré. Jesus, Maria e José, a Sagrada Família. Fora essa, toda família é imperfeita. A sua família tem problemas, sim! Mas, é a família que Deus lhe deu para você amar! Você que é casado, tem uma família e filhos, essa é a sua missão, que nunca termina. Como pai e mãe, você precisa caminhar sempre dando exemplo de fé, amor, perdão e perseverança.

Para promover a reconciliação e a paz, é necessário, primeiramente, possuir paz e isso deve começar em seu coração. Tem gente que o coração é uma bagunça. O coração, a alma é uma confusão, é uma gritaria. Tem que por paz nisso, tem que acalmar esse coração. E alguns ficam alimentando raiva, ressentimento, mágoa. Acabamos de ouvir no Evangelho. São Pedro perguntou a Jesus: “Senhor, quantas vezes eu devo perdoar?” Cada um se pergunte: quantas vezes você tem de perdoar o marido, a esposa, perdoar o outro. E aí, Pedro, achou que estava bom, e perguntou: “sete vezes está bom?” E Jesus disse: “não, não está bom não. Tem que perdoar setenta vezes sete”. Quanto é que dá setenta vezes sete, eu sou ruim de matemática. Tenho que olhar na calculadora. Quem aqui é bom de matemática, quanto é que dá setenta vezes sete? (alguém responde) Parabéns, essa tirou dez em matemática. O resultado é 490 vezes. Para perdoar 490 vezes, já pensou? Uma mulher perdoar o marido 490 vezes? Essa é santa, já é santa. O marido perdoar as maluquices da mulher 490 vezes. Você perdoar aquele parente, aquela cunhada, sogra, nora, genro. Perdoar o colega de trabalho que quis puxar o tapete, a pessoa que te feriu, te traiu. A Palavra de Deus diz para pagar o mal com o bem, para amar o inimigo, perdoar. A ferida do seu coração precisa ser curada com a pomada do perdão. Perdoar é amar. Quem ama, perdoa. Eu já encontrei gente que fala assim: eu até queria perdoar, mas eu não consigo”. Caros irmãos e irmãs, isso tem nome. O nome disso é orgulho. Toda pessoa que não perdoa é orgulhosa. Ela não se dobra. Ela não cede. Ela não aceita que foi ferida, humilhada, enganada e, assim, seu coração se torna duro. E aí é na base do olho por olho, dente por dente. Você machucou meu olho, eu machuco o seu. Quebrou meu dente, eu quebro o seu. Você falou mal de mim, eu falo de você. Você me prejudicou, eu te prejudico. Essa é a lei da vingança, da carne, e só piora tudo. E alguns vão guardando esse lixo na alma.

Tem um texto da Bíblia tão bonito que fala assim: que o sol não se ponha sobre a sua ira. É normal ficar com raiva. Tem coisa que deixa a gente com raiva. Você ficou bravo. E aí diz a Bíblia: que o sol não se ponha, isto é, não deixe para o dia seguinte, resolva hoje, até de noite. Dormiu, acabou. No outro dia, já é outro dia. Tem gente que não faz isso. Já encontrei pessoas que passam não apenas uma semana com raiva, guardando essa raiva, é um mês e algumas guardam por anos a fio. Por que guardar esse lixo na alma, no coração? Joga fora esse lixo! Isso é o que o Senhor nos pede. O Senhor que nos ama, esse Pai que ama a ovelha perdida. Diz o texto do Evangelho. Há 100 ovelhas, uma se perde, ele vai atrás e não abandona, nunca.

Caros irmãos e irmãs: aconteça o que acontecer na sua vida, nunca duvide do amor de Deus. Aconteça o que acontecer, mesmo nas tragédias da  vida, confie no amor desse Pai que não nos abandona, mesmo quando não estamos entendendo, Ele sabe. Mesmo não sentimos, Ele está no meio de nós, Ele está conosco. Acabamos também de ouvir no Evangelho, “onde dois ou três reunidos no meu nome, eu estou no meio deles”. E na missa, todos nós repetimos várias vezes: “Ele está no meio de nós”. E Ele está. Ele está no meio de nós não só aqui na missa,  aqui nesse lugar maravilhoso do Santuário do Divino Pai Eterno, nessa cidade tão significativa para a nossa fé. Mas, onde você for, Ele está com você. O Senhor não abandona.

Nunca desanime diante das dificuldades da vida, aliás, nenhum cristão tem o direito de desanimar. E se alguém dissesse: “é que na vida tive e tenho muitos problemas”. A resposta é uma pergunta: quem na vida não tem problemas? Se você, na vida, fosse um sozinho, um abandonado, um jogado na vida, um filho sem pai, aí sim, você teria todo o direito de desanimar diante das lutas e das dificuldades da vida que são muitas. Mas, jamais vocês serão abandonados, serão um jogado, um filho sem pai, porque você tem um Pai, que é Deus, o Divino Pai Eterno. Você tem mãe, que é Mãe de Jesus e nossa. O Pai nos enviou seu Filho que está no meio de nós. Ele está no meio de nós. Ele disse no Evangelho e Ele cumpre e não mente: eis que estarei convosco até o final dos tempos. Você nunca vai estar sozinho. Enviou o Espírito Santo que nos ilumina e nos fortalece. Essa luz que está sempre a nos conduzir.

Caros irmãos e irmãs: queremos, nessa missa tão especial, pedir, sobretudo, o dom da fé. Como está a sua fé? Como você está alimentando a sua fé? A fé se alimenta, se cuida. Muita gente, hoje, está com anemia espiritual. Um cansaço, um desânimo. Tudo difícil, nada tá bom, tudo está ruim. Essa pessoa pessimista. Eu já conheci gente assim. Para ela, tudo está mal, tudo está ruim, nada está bom, nada tem solução. A pergunta que se faz para essa pessoa é: você não acredita em Deus? E Deus onde está? E se está tudo perdido e Deus? Ele abandonou?  Não. Ele está sempre no meio de nós! Então, nunca desanime, porque o Senhor nos fortalece no caminho da nossa vida e nos ilumina. Sem a fé, sem essa luz da fé, você vai caminhando na vida como esses andarilhos de beira de estrada. Muita gente é, na vida, semelhante aos andarilhos de beira de estrada. Eles andam o dia inteiro de lugar nenhum para lugar algum. Eles trabalham, sofrem, têm as contas para pagar, problemas para resolver, mas se você perguntar qual é o rumo da vida deles, para onde está indo a sua vida, literalmente é um andarilho de beira de estrada, isto é, andam de lugar nenhum para lugar algum.

Caros irmãos e irmãs: nós temos um Pai que, como diz o profeta, Ele nos toma pela mão. E como diz Santa Terezinha, quando a gente não consegue andar, “eu me lanço nos braços do Pai”. No Evangelho, quando se perguntava quem é o maior, Santa Terezinha entendeu que só Deus é grande, nós somos todos pequenos. E aí, vamos desanimar? Diz Santa Terezinha: “Não. Eu me lanço nos braços do Pai, como uma criança. É assim que funciona! O Senhor nos carrega! E se alguém me perguntasse: “me dê uma prova da existência de Deus”, eu responderia: Olha o seu passado. Olha a sua vida. Tenho certeza que todos nós aqui, vejo crianças, adolescentes, mas todos nós mais velhos, olhando para a nossa vida nos damos conta de quantas vezes estivemos lá na beira do abismo e não caímos, não nos despedaçamos na vida porque havia uma mão que nos livrou. Estamos aqui hoje com as cicatrizes, com as feridas, mas o Senhor nos livrou. Essa mão do Senhor, a mão forte do Pai que nos segura, nos abraça. Este Pai que nos acompanha na vida e quando caímos, Ele nos levanta. Quando nos sujamos na estrada da vida que tem poeira, tem lama, tem erro, tem pecado, o Pai nos lava, nos purifica. Quando nos ferimos, o Senhor nos cura. Quando, como a ovelha perdida, nos desnorteamos, Ele não nos abandona.

Caros irmãos e irmãs: na primeira leitura, vou concluindo, eles perguntaram para os Apóstolos “que devemos fazer?”. Tem essa pergunta ali. Que devemos fazer? É a pergunta que todos nós fazemos. Como viver a vida? A vida não é fácil. Como viver a vida? Aí os Apóstolos responderam: “convertei-vos!”.  Sabe o que é conversão? Não é mudar de religião. Conversão é mudar o coração e para isso, conversão é tomar decisão. Conversão é você tomar decisão, aquela que você tem que tomar, mas você está enrolando, está protelando. Você sabe aquele ponto que você precisa decidir, que aquilo está atrapalhando sua vida, aquilo está sufocando sua vida, está errado, não está bem. Você já sabe. No seu coração, Deus já mostrou que você tem que muda . E a gente vai levando para frente, vai enrolando e é preciso conversão, mudar, tomar aquela decisão, pedir ao Senhor a graça, a coragem e a graça vem! O que não falta, caros irmãos e irmãs, é graça de Deus! Deus não falha. Chove sobre nós a graça e o amor de Deus. Agora, o que não pode é você ficar como a pedra na chuva, molhada por fora e seca por dentro. A graça de Deus chove, mas se você está com o coração endurecido, não deixa essa graça de Deus entrar. Caros irmãos e irmãs, que o Divino Pai Eterno reforce a nossa fé, uma fé mais profunda, sobretudo, para quem aqui e quem está nos assistindo está sendo tentado pelo desânimo. A tentação de abandonar tudo, largar tudo, alguns pensam até em se matar e morrer. Que o Senhor os livre dessa tentação e mostre o seu amor de Pai. Que Ele mostre, em seu coração, que você não está sozinho, que Ele está com você em todas as circunstâncias! E que nós possamos como Igreja, juntos, como irmãos, de mãos dadas, família de Deus reunida já neste mundo e até depois, na Igreja celeste, onde estaremos unidos e reunidos para sempre na presença de Deus Pai, Filho e Espírito Santo, Amém!

 


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