Santuário

Dom Giovane: “Pai Eterno nos chama ao serviço da sociedade […] e nos envia…. para promover a Justiça e a Fraternidade”

Bispo de Araguaína (TO) pregou no sexto dia de preparação para a Festa do Pai Eterno em Trindade

Dom Giovane Pereira de Melo, bispo de Araguaína (TO), dirigiu a celebração solene de novena e missa no sexto dia da novena em preparação para a Festa do Pai Eterno. Eis a íntegra da homilia.

Que alegria estarmos aqui reunidos nesta praça, neste Santuário do Divino Pai Eterno, para rendermos graças a Deus pelas graças, pelas bênçãos recebidas. Também para pedir. Queremos que o Pai Eterno conduza a nossa caminhada, nos faça ser sal que dá sabor. Luz que ilumina, que aquece os nossos corações.

Hoje nós somos chamados, nesta sexta noite da novena, a refletir, dentro do tema geral da novena deste ano de 2023, o tema de hoje: “O Pai Eterno nos chama ao Serviço da Sociedade e da Igreja e nos envia para promover a Justiça e a Fraternidade”. E para promovermos a justiça e a fraternidade, como seguidores e seguidoras de Jesus, nós precisamos ser “sal da terra” e “luz do mundo”. Esta foi a definição e o chamado que Jesus fez para os seus discípulos e faz para cada um de nós. Ele os chamou como sal e luz do mundo e os enviou para uma missão. E a missão é fazer com que, no mundo, todos sejam luz que aquece os corações.

Nós conhecemos as parábolas, o jeito de falar de Jesus. Ele usa uma linguagem cotidiana, uma linguagem comum, uma linguagem do dia a dia, fácil de entender. E assim, Ele foi ensinando os seus discípulos e nos ensina como é que nós devemos seguir; lembrando que esse texto que nós ouvimos hoje está no contexto do Sermão da Montanha. Ele usa de um elemento do cotidiano da vida, o sal, que é do cotidiano da cozinha, da preparação dos alimentos. Um símbolo, um objeto que tinha uma importância muito grande no Oriente Médio e que tem uma importância muito grande para nós hoje.

O sal é aquele que dá sabor. Como é bom a gente comer uma comida, saborear uma comida bem temperada. Então, o sal tem a sua importância, mas é claro tem de ser na dose certa. Imagina aqui, na cultura goiana, fazer um frango caipira com gueiroba com muito sal. Os goianos gostam de arroz, de feijão, de gueiroba, de pequi, não é? Imagina isso com o sal exagerado. Não vai ficar bom. O goiano também gosta de muita pamonha, não gosta? E não é só goiano não, mineiro gosta, o Brasil todo gosta de comer pamonha. Então, uma pamonha bem saborosa, bem temperada tem um significado extraordinário na mesa de todos nós.

Então, Jesus usa dessa comparação, olhando essa realidade da cozinha, do cotidiano, certamente ele viu como é que Maria, sua mãe, temperava a comida. Então, essa história, essa metáfora contada por Jesus no Evangelho de Mateus se refere aos discípulos. Se refere, amados irmãos e irmãs, a cada um de nós. Se no seguimento de Jesus, no discipulado, não cumprirmos o nosso papel de batizados, de darmos sabor a este mundo, marcar este mundo com o Evangelho do amor e da vida de Jesus. Então, nós perdemos o sentido da nossa existência, do nosso seguimento. Portanto, o sabor que precisamos dar a esse mundo está relacionado com aquilo que Jesus fala no Sermão da Montanha: bem-aventurados os misericordiosos, os que promovem a paz, os que promovem a justiça, aqueles que consolam. Somente sendo sal da terra também seremos bem-aventurados.

Nessa mesma história do Evangelho de hoje, Jesus faz uma outra comparação falando da luz, algo tão importante no nosso dia a dia. Tudo isso que nós estamos fazendo aqui, este brilho, esta praça é possível porque temos luz. “Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte. Nem se acende uma candeia, uma lamparina para colocá-la debaixo de uma vasilha, mas no candeeiro e ela ilumina toda a casa”. Esse é o brilho que somos chamados a fazer. Então, essa experiência da luz é do cotidiano da vida de Jesus, é do cotidiano das famílias da Palestina do tempo de Jesus. Quando Ele fala da cidade, a imagem da cidade, provavelmente está falando de alguma cidade da Galileia ou de Jerusalém. A imagem da lâmpada que ilumina toda a casa vem do fato de que a casa normal de um pobre, na Palestina, consistia de uma sala só. Então, essa luz, nessa sala, deveria ser colocada num lugar de destaque para que pudesse iluminar toda a casa.

Amados irmãos e irmãs: a luz só tem sentido se ela estiver aí para iluminar. A função do discípulo, da discípula, é iluminar o mundo. A sua função é iluminar a realidade, a partir da fé, à luz da fé, à luz do Evangelho. Como na referência ao sal, Jesus adverte também os seus discípulos: a luz precisa brilhar, caso contrário, perde o sentido de sua existência. Um Santo Padre da Igreja, dos primeiros séculos, se referindo aos batizados, dizia: um batizado é um iluminado, ou seja, onde está um batizado não pode haver trevas, tem que ter luz, tem que brilhar toda aquela realidade. Os discípulos e as discípulas, através da sua atuação, vão trazer luz para que a verdade apareça, para que a justiça seja cumprida, para que o amor, para que a solidariedade se espalhe no mundo. Olha, graças a Deus, nós temos muita gente, muitos batizados e batizadas que vivem isso, que fazem brilhar a verdade do Evangelho, fazem brilhar a justiça, fazem brilhar a paz e, dessa forma, fazendo brilhar a paz, a justiça, a solidariedade, nós desmascaramos as injustiças e as opressões.

A função da Igreja, amados irmãos e irmãs, e da comunidade onde nós participamos, da pastoral que participamos, da associação ou do serviço do qual fazemos parte, é contribuir para que a sociedade não se corrompa, não se desumanize. Isso é ser sal, ser luz. Contribuir para que o mundo, a sociedade em que vivemos não se desumanize. A Igreja não pode estar separada do mundo. Ela precisa ser sal e luz, dar sabor, iluminar. Nós sabemos que essa tarefa não é fácil, exige renúncias, exige sacrifícios. Então é misturando-nos na realidade do mundo que nós vamos fazer com que a paz, o respeito, a justiça se tornem possíveis. Vocês são o sal da terra. Vocês são a luz do mundo. Vocês são a cidade edificada sobre o monte. Portanto, amados irmãos e irmãs, essa é uma tarefa coletiva. Jesus não fala “você”, ele fala “vocês”. Ele está se referindo à comunidade. Então, nós temos uma missão de sair de nós mesmos, de iluminar, de doar, de dar sabor, de dissolver. Essa é a nossa missão: termos olhares luminosos, corações sábios para gerar luz, sabedoria, sabor como o Evangelho de Jesus. Essa é a nossa missão.

Somos chamados a dilatar o Reino de Deus no mundo. Não é possível ser discípulos de Jesus, romeiros do Divino Pai Eterno, se mantivermos uma vida individualista, fechada em nós mesmos. Então, é preciso abrir-nos a esse horizonte. A nossa maior pregação deve ser a nossa luta em prol do mundo que Deus quer. E o mundo que Deus quer e conta com a nossa colaboração, é o mundo em que todos tenham vida e vida em abundância. Essa é a nossa tarefa. Somos chamados a sermos presença cristã na sociedade cuidando da vida, cultivando os valores evangélicos na vida, na família, na empresa, no trabalho, promovendo o diálogo, a justiça, a fraternidade, a paz, a solidariedade. E para que isso se efetive, nós não precisamos ficar preocupados, porque às vezes diante dos desafios, não teremos força. O Espírito Santo de Deus está do nosso lado, está dentro de nós. Ele nos enriquece, enriquece a Igreja com uma multiplicidade de dons, como ouvimos na primeira leitura. Por isso, nós temos inúmeros leigos e leigas competentes nos seus diversos setores: professores, médicos, cientistas, sociólogos, psicólogos, comunicadores, profissionais em diferentes áreas; artistas de todas as artes. São homens e mulheres que brilham pela sua competência, pelo dom , que são sal, que são luz neste mundo. Fazem com que a fé e o Evangelho se tornem presentes. Contribuem com o desenvolvimento integral da humanidade e com a missão evangelizadora da Igreja sendo presença no mundo.

Quero, para encerrar, amados irmãos e irmãs, incentivá-los, como romeiros e romeiras que vêm aqui todo ano agradecer a proteção do Pai Eterno, as bênçãos recebidas e também para pedir. Acreditem no chamado que o Senhor os fez , que a Igreja faz através do Batismo. Vocês são iluminados, iluminadas. São chamados, hoje, a ser sal, a ser luz no mundo. A sociedade humana está em construção, a Igreja conta com a participação, com o testemunho de cada um de vocês. Acolham, com alegria, esse desafio que Jesus faz aos seus discípulos e faz a cada um de nós, hoje. Vamos colaborar, a partir do carisma, do dom que Deus deu a cada um de nós, colaborar na construção de uma sociedade mais humana, mais fraterna, mais solidária. Uma sociedade que espelha o Reino de Deus, que espelha o Evangelho. Que possamos, ao retornar para nossa casa, com a proteção, com a guia do Divino Pai Eterno, da Virgem do Perpétuo Socorro, Mãe cheia de graça, totalmente consagrada ao Senhor, mulher solícita que acompanha a todos no seu dia a dia. Que vocês, cumprindo essa tarefa de visitar o Santuário do Divino Pai Eterno a cada ano, possam retornar para vossas casas cheguem sãos e salvos em suas residências.


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