Fogo atinge território equivalente a mais de três estados do Rio de Janeiro por ano entre 1985 e 2022
O Brasil queimou, em média, 160 mil quilômetros quadrados de vegetação por ano entre 1985 e 2022. O número é equivalente a mais de três vezes e meia a área do estado do Rio de Janeiro. Os dados são do último levantamento da plataforma MapBiomas. Por conta do tempo seco durante o outono, é registrado aumento no risco de queimadas, principalmente no Cerrado e na Amazônia.
De acordo com a professora e assessora da Comissão da Pastoral da Terra do Regional Rondônia, Amanda Michalski, em média são 150 anos para que as áreas degradadas possam se recuperar. “O que é inviável pelas questões políticas e econômicas”, disse a professora que acrescentou: “as pesquisas apontam para uma economia da destruição”.
A maioria das queimadas ainda é provocada criminosamente. O crime ocorre em locais onde acontecem os incêndios, que são áreas protegidas, como unidades de conservação, terras indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais. Isso afeta todo o bioma amazônico e nega os direitos territoriais, pois as queimadas acabam com povos da Amazônia e suas culturas.
A impunibilidade nos últimos anos devido ao desmantelamento de órgãos ambientais no país causou um reflexo significativo na Amazônia. Levando a um aumento exacerbado do número de desmatamento e aumento do número de queimadas. “Provocando o episódio em que a fumaça da região Amazônia encobriu o sudeste de São Paulo, fazendo o dia virar noite”, conta a assessora.
As queimadas afetam todos os estados, já que o Brasil é um país de base agrícola. Ao atingir biomas como o Cerrado e a Amazônia, as nascentes são afetadas e ocorre o assoreamento dos rios. Isso aumenta o número de registros de secas prolongadas, reduz a absorção da captação do gás carbônico e leva ao aumento da temperatura do meio ambiente.
Em algumas regiões do mundo, já se pode notar o aumento da temperatura. Em outras, há um alto índice de chuvas fora de época. Combinados com a falta de planejamento urbano, esses fenômenos resultam em desastres, como desmoronamentos em algumas áreas. Isso afeta toda a sociedade, que sofre os efeitos do desmatamento e das queimadas.
Mudança de mentalidade
Cada ser humano pode contribuir para a melhoria da casa comum, como prega o Papa Francisco. Mesmo que seja um trabalho de “formiguinha”, é imprescindível que a família crie uma consciência verde. “Ter noção do que e de quem se consome. Buscar produtos em que a produção se preocupa com o meio ambiente. Essas ações contribuem para um mundo melhor”, frisa Amanda Michalski. Ao fazer o básico em casa, as comunidades precisam também ser participativas ao cobrar dos representantes um zelo em relação as suas legislaturas.
Pastoral da Terra Regional Rondônia
É uma Regional da Amazônia no estado de Rondônia. Infelizmente, a região está nas primeiras colocações em relação ao número de conflitos agrários, vinculados à questão do conflito pela terra, água, e trabalho análogo à escravidão.
No dia 17 de abril de 2023, a Pastoral fez o lançamento do caderno de Conflitos do Campo pela Comissão Pastoral da Terra, com os dados do nível Brasil e Rondônia. A publicação é um raio-x da realidade que ocorre no país, principalmente na Amazônia.
A partir dos dados são produzidos relatórios para serem passados para as autoridades. Os cadernos são publicados desde 1985, e ajuda órgãos e representantes na organização de políticas públicas.