Especial

A vida consagrada

Estamos perdendo a humanidade?

Dom Juarez Albino Destro
Bispo auxiliar de Porto Alegre (RS)

 

Que a vida seja sagrada, ninguém deve ter dúvidas. Em nossa cultura religiosa professamos uma fé de termos sido criados por Deus, num gesto amoroso, com o sopro da vida. E no dia do Batismo fomos consagrados, isto é, tornamo-nos “filhos e filhas de Deus, muito amados”. Ganhamos um nome, padrinhos e madrinhas, fomos apresentados na comunidade eclesial. E fomos crescendo, não apenas em estatura, mas na sabedoria e na graça de Deus, como lemos na Bíblia. O Sacramento do Batismo tornou-nos responsáveis uns pelos outros, na construção de um mundo com mais vida! É a nossa missão!

Na dinâmica de agosto, após recordar e homenagear a vocação do pai, no segundo domingo, e a vocação dos ministros ordenados – aqueles que receberam o Sacramento da Ordem (diáconos, padres e bispos) – no primeiro domingo, chegou a vez da vocação daquelas pessoas que fizeram os votos de Pobreza, Castidade e Obediência, designadas “pessoas de vida consagrada”. Tal homenagem e consideração realizamos no terceiro domingo de agosto, quando celebramos a Solenidade da Assunção de Nossa Senhora. Maria, a Mãe de Jesus, após uma vida de doação, sensibilidade ao outro, serviços, seguimento ao projeto de Deus, é levada ao Céu. Dogma da Igreja que, em última análise, simboliza a importância dessa vocação nos dias atuais.

Fazer memória e homenagear as pessoas de vida consagrada por ocasião da Solenidade da Assunção de Nossa Senhora é afirmar que tal vocação é, de certa forma, uma continuidade da vocação da própria Mãe do Senhor. Sim, o mundo necessita desta presença, desse profetismo, de pessoas que deem testemunho de humanidade! Assim como Maria, as pessoas de vida consagrada humanizam o mundo, o qual, com muita facilidade, e talvez num ritmo acelerado demais, está perdendo isso, tornando-se robotizado, algo artificial, onde falta o amor, o “pneuma” divino, o próprio Espírito de Deus nas ações e no cotidiano.

Muitos certamente conhecem a história de “O Pequeno Príncipe”, contada pelo aviador-escritor ou escritor-aviador, Antoine de Saint Exupéry. Um livro de 1943, com tradução em várias partes do mundo. Humanizar! Exupéry, há 80 anos, vem ajudando a compreender o que significa isso. Assim escreveu: “Conheço um planeta onde vive um senhor corado. Ele nunca sentiu o perfume de uma flor. Nunca admirou uma estrela. Nunca amou ninguém. E não faz outra coisa senão contas…”

Estamos perdendo a humanidade? Isolamo-nos, cada qual, em um “planeta”? Foi a raposa que ensinou ao Pequeno Príncipe o significado de cativar. É o que torna diferente a relação!

Hoje podem ser os consagrados e as consagradas, no meio do mundo, quase sempre “invisíveis”, não mais usando os hábitos ou as batinas, como o fermento na massa, os responsáveis pelo crescimento de humanidade. Parabéns às pessoas de vida consagrada neste terceiro domingo de agosto, espelhadas em Maria, convictas da importância de seguir o projeto de Jesus em tornar mais humano a humanidade.

 

 


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